Artista Plástico, Professor, Curador e Premiadíssimo; Ayrson Heráclito é um dos principais nomes da nova geração de artistas plásticos da Bahia. Nos últimos nove anos, o artista vem desenvolvendo trabalhos com materiais orgânicos presentes na cultura baiana: o açúcar, a carne de charque e o dendê.
Essa originalidade aos olhos alheios o artista encara com naturalidade: “Nas artes plástica não existe suporte. O que existe são estratégias que materializam as energias criativas da cultura”. Informado por esse conceito é que o artista faz uma leitura da história cultural baiana, a partir de dados históricos, sociológicos e culturais, visando uma reflexão sobre questões culturais afro-baianas. Baiano de Macaúbas, Heráclito é mestre em Artes Plásticas pela Ufba e professor da Ucsal e Unifacs, já tendo realizado várias exposições no Brasil e no exterior.
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Em uma de suas pesquisas o artista utiliza a carne de charque como matéria prima para a construção de roupas com o objetico de discutir a respeito dos contraste e dicotomias sociais em que estamos envolvidos diariamente: necessidade x supérfluo, glamour x miséria, ao tempo que convoca o espectador a refletir sobre os limites do vestível, as possibilidades da moda e a sua relação com o contexto social no qual ela se insere.
Em uma de suas pesquisas o artista utiliza a carne de charque como matéria prima para a construção de roupas com o objetico de discutir a respeito dos contraste e dicotomias sociais em que estamos envolvidos diariamente: necessidade x supérfluo, glamour x miséria, ao tempo que convoca o espectador a refletir sobre os limites do vestível, as possibilidades da moda e a sua relação com o contexto social no qual ela se insere.
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Denominada A Transmutação da Carne, a coleção toda feita com carne de charque foi apresentada na principal Semana de Moda da Bahia (Barra Fashion) no ano de 2000 e foi uma bofetada na cara de vegetarianos, caretas e afins. Na passarela, a beleza da textura e das nuances de marrom do charque (uma carne reciclada, segundo Heráclito), mais o odor característico de uma das principais matérias-primas da suculenta feijoada. Bermuda cargo, medalhão com A de anarquia, vestido tubo, bolsinha, peruca chanel, imensa trança arrastando no chão, short, biquíni, sunga, camiseta regata, top, minissaia, crinolina e peças de inspiração sado-masoquista. Tudo feito em carne, costurada com barbante. Fazendo parte de um amplo projeto de intervenção, teoricamente embasado no conceito de escultura social do Joseph Beuys, outras ações se incorporam ao “projeto carne”.
Denominada A Transmutação da Carne, a coleção toda feita com carne de charque foi apresentada na principal Semana de Moda da Bahia (Barra Fashion) no ano de 2000 e foi uma bofetada na cara de vegetarianos, caretas e afins. Na passarela, a beleza da textura e das nuances de marrom do charque (uma carne reciclada, segundo Heráclito), mais o odor característico de uma das principais matérias-primas da suculenta feijoada. Bermuda cargo, medalhão com A de anarquia, vestido tubo, bolsinha, peruca chanel, imensa trança arrastando no chão, short, biquíni, sunga, camiseta regata, top, minissaia, crinolina e peças de inspiração sado-masoquista. Tudo feito em carne, costurada com barbante. Fazendo parte de um amplo projeto de intervenção, teoricamente embasado no conceito de escultura social do Joseph Beuys, outras ações se incorporam ao “projeto carne”.
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A performance “A Transmutação da Carne”, apresentada no Instituto Cultural Brasil Alemanha (2000), por exemplo, quer discutir a violência contra o corpo. Utilizando-se de registros de torturas sofridas por escravos no Brasil, relatos de suplícios analisados por Michel Foucault quando estudou a História dos sistemas punitivos no Ocidente, o público, mais uma vez, é convocado a olhar a sua própria ferida. Uma ferida que pode ser estetizada, transmutada, mas nunca esquecida. E a dor do corpo escravo, marcado a ferro e brasa pelos seus senhores, encontra ressonância na miséria nordestina: fome e tortura são apresentadas, na ação, num churrasco humano, como a nos dizer do lugar do homem dentro da gramática de desigualdade que constitui a sociedade brasileira.
A performance “A Transmutação da Carne”, apresentada no Instituto Cultural Brasil Alemanha (2000), por exemplo, quer discutir a violência contra o corpo. Utilizando-se de registros de torturas sofridas por escravos no Brasil, relatos de suplícios analisados por Michel Foucault quando estudou a História dos sistemas punitivos no Ocidente, o público, mais uma vez, é convocado a olhar a sua própria ferida. Uma ferida que pode ser estetizada, transmutada, mas nunca esquecida. E a dor do corpo escravo, marcado a ferro e brasa pelos seus senhores, encontra ressonância na miséria nordestina: fome e tortura são apresentadas, na ação, num churrasco humano, como a nos dizer do lugar do homem dentro da gramática de desigualdade que constitui a sociedade brasileira.
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Os cerca de 800 quilos de carne que foram utilizados nas intervenções - que também incluíram um desfile público dos modelos pela zona central da cidade de Salvador (Praça da Piedade e Avenida Sete) - foram devolvidos ao seu significado original, de comida através de doações, sendo esta ação um momento crucial da obra. Com isso o artista dá visibilidade à fome no Nordeste como um problema social, a carne é distribuída entre comunidades carentes e associações filantrópicas, com um sentido de denúncia. Os recibos e as cartas de agradecimento das referidas instituições, enviados ao artista, são transformados em obra de arte: os documentos-obra. A obra de arte, agora, nesse gesto, está pronta. Volta a cumprir o seu desejo original de humanizar o mundo.
Os cerca de 800 quilos de carne que foram utilizados nas intervenções - que também incluíram um desfile público dos modelos pela zona central da cidade de Salvador (Praça da Piedade e Avenida Sete) - foram devolvidos ao seu significado original, de comida através de doações, sendo esta ação um momento crucial da obra. Com isso o artista dá visibilidade à fome no Nordeste como um problema social, a carne é distribuída entre comunidades carentes e associações filantrópicas, com um sentido de denúncia. Os recibos e as cartas de agradecimento das referidas instituições, enviados ao artista, são transformados em obra de arte: os documentos-obra. A obra de arte, agora, nesse gesto, está pronta. Volta a cumprir o seu desejo original de humanizar o mundo.
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Fontes:
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Para conhecer mais sobre sobre as pesquisas de Ayrson Heráclito incluindo seu rico trabalho tendo o Azeite de Dendê como lugar central no seu processo investigativo, basta entrar em seu blog no link a cima.
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