Cópia na íntegra do texto publicado no dia 13 de maio de 2008 no site Canal Contemporâneo.
Para acessar o texto original visite o endereço: http://www.canalcontemporaneo.art.br/arteemcirculacao/archives/001708.html
"ELEFANTE COLETIVO
Diversos agentes das esferas artísticas, culturais e políticas buscam elaborar e instaurar hoje novas possibilidades de transformação nas diversas esferas da vida e em suas práticas cotidianas. Ao questionar estruturas de comportamento e pensamento condicionadas por lógicas de mercado e do espetáculo, tais agentes se deparam também (e a todo o momento) com o desafio de reconhecer em si mesmos a reprodução dos mecanismos de poder, condicionamento e alienação já instaurados em nossa sociedade.
Para refletir sobre essa observação, vamos partir do fato ocorrido no ano de 2007, o qual intitulamos de ‘Caso Brumaria7’: a publicação de registros fotográficos de projetos/trabalhos de diversos artistas e coletivos brasileiros na revista espanhola Brumaria 71. Dentre os registros, encontra-se imagens do trabalho Capacho-Dignidade do Coletivo Elefante, utilizado para ilustrar um artigo da citada revista. As imagens do trabalho, obtidas por vias até hoje desconhecidas (apesar de estarem disponíveis em site na internet), foram publicadas sem notificação aos autores e não consta na revista nenhuma referência que identifique os projetos ou seus contextos originários2. Outras imagens de outros grupos e autores também foram utilizadas na revista da mesma forma, em outras páginas ou como divisores de seções da própria revista.
É impossível falar hoje em cultura sem considerar o que são as leis de mercado, o consumo massivo e a cultura do espetáculo (uma hyper-rede publicitária) que definem atualmente parte significativa de nossa sociedade, determinando formas de vida, seus ritmos e a propria organização societal. Tais leis se aplicam também ao fluxo, acesso e construção de informação. Este pequeno caso é utilizado aqui para refletir sobre a repetição em micro-escala, de práticas de apropriação de trabalho imaterial oriundas normalmente das esferas do mercado, sem fins de ampliação e distribuição de informação livre ou ainda pior, uma distribuição parcial e direcionada a interesses especificos. Tais práticas estão a serviço apenas de uma demanda para alinhar-se à alguma “tendência” do momento, para ganhar reconhecimento institucional e/ou prestígio mídiático*.
O que pode parecer inicialmente um simples mal-entendido, ou ainda, uma falta de comunicação, demonstra apenas a fragilidade de inegáveis esforços em articular arte e política a um projeto fundado em idéias culturais contra-hegemônicas ligadas a uma lógica que considere os processos artísticos e de geração de conhecimento mais do que meros produtos de consumo ou fetiches histórico-culturais. Este tipo de abordagem referente à arte e política já começa inclusive a ser incorporado ao cenário institucional da arte, onde práticas artísticas envolvendo estas questões têm se transformado em “tendência” no circuito oficial – fenômeno próprio da lógica midiática e do princípio mercadológico que rege boa parte da produção artística na atualidade. Nesta migração, tais questões costumam esvaziar-se de sua densidade crítica para constituir-se num novo fetiche que alimenta o sistema institucional da arte e a voracidade do mercado que dele depende.* O processo de produção da revista nesse caso, parece infelizmente contradizer seu conteúdo. A coerência discursiva da revista colidiu aqui com uma prática que traduz a perpetuação de modelos já conhecidos, criticados e combatidos por diversos agentes culturais envolvidos nesse processo: editores, escritores, críticos, artistas e leitores.
Ainda que entendamos as práticas colaborativas hoje sob a ótica da livre circulação de conteúdos e informação, trata-se também de qualificar ações e imagens e não apenas quantificar ou ilustrar teorias, por mais relevantes que essas sejam. Pouco se fala sobre a relação entre liberdade, responsabilidade e ética em questões que abordem a apropriação de trabalho, de valor e de informação, com finalidades diversas que não sejam as de distribuição equânime de informação.
Qual é a lógica (econômica ou social?) que transforma o trabalho criativo em mercadoria, cujo valor se reverte desproporcionalmente em favor daqueles que detém os meios de circulação e distribuição?
A apropriação é um fenômeno que atravessa nossa sociedade através dos tempos. Temos como alguns exemplos a apropriação de mão de obra escrava, de imigrantes, de grande parte da população de países subdesenvolvidos ou ainda de refugiados (força de trabalho subvalorizada), apropriação de riquezas naturais, de códigos genéticos, de áreas terrestres, de formulas químicas, etc... Podemos pensar na apropriação de informação hoje a partir de diversos pontos de vista, como intenções, aparatos jurídicos, dispositivos de produção e funcionamento em escalas; ou ainda através de diversas hipóteses, como por exemplo: o que ocorre se me aproprio do texto ou imagem de um autor, sem citá-lo? Existem intenções específicas que permitam e validem o ato de apropriação? Quando e por quê? O que ocorre se uma grande empresa se apropria do trabalho de um artista, com a finalidade de lucrar ou ainda, de associar-se à imagem do artista? E Se um artista se apropria da imagem de uma grande empresa para fins culturais ou subversivos?
Já é evidente o papel central que a propriedade intelectual ocupa hoje no mercado imaterial da economia globalizada, também como lugar significativo de embates e conflitos, uma vez que relaciona-se diretamente à produção e ao controle da cultura, da produção de valores e do conhecimento. Nesse sentido, não podemos perder de vista que o direito à liberdade de informação deve prevalecer, e ainda mais, em nossa visão, deve ser ferramenta de mudança, e dessa forma tornar-se um instrumento de conscientização e de empoderamento social/cultural. Mas só o será, se os mecanismos que criam tais situações e procedimentos forem diversos daqueles da ordem dominante, se o processo tornar-se um contraponto ao crescente modo de industrialização, mercantilização e espetacularização da produção estética, intelectual e de informação.
Não se trata de ser contra ou a favor da apropriação, mas sim pensar sobre o processo e efeito que nós, agentes culturais, criamos ao veicularmos uma informação, e se a mesma trata-se de uma informação pautada no trabalho de outros, (parceiros mais próximos ou não) e de que maneira podemos proceder sem criar regras opressoras. Quais os princípios éticos envolvidos nesses processos? Quais são as liberdades, finalidades, intenções e responsabilidades nesses casos? Quais as leis que amparam ou ajudam a perpetuar o controle sobre as imagens e informação, e ao final, que mantém a idéia de propriedade? Quais mecanismos permitiriam a livre expressão e a livre circulação de informação, como forma legítima de combater os atos de controle, monopólios e hegemonias? Quais os mecanismos coletivos de produção (parceria, colaboração, contratação, entre tantos outros) que devem ser levados em consideração?
Podemos ainda pensar sobre apropriação sob a ótica da pesquisa acadêmica, ou da produção intelectual.
Uma pesquisa também é construída a partir de suas referências, fontes e citações, o que oferece ao leitor a possibilidade de aprofundar pontos específicos, disponibiliza as fontes de informação e auxilia, por exemplo, a avaliação da amplitude e da abrangência da pesquisa. Ao ler os textos publicados na revista Brumaria 7, pode-se buscar saber mais sobre o autor, comparar este seu trabalho com outros anteriores, observando o desdobramento de seu discurso e percurso, verificar incongruências e estabelecer um diálogo possível com sua reflexão. Nesse caso, o mesmo não é possível com as imagens sem suas devidas referências. Torna-se impossível, ao leitor interessado, entender seus contextos originais e suas condições operativas, estando as mesmas totalmente desconectadas das situações que lhes deram forma e intencionalidade. As imagens são reduzidas neste caso, a mera ilustração dos textos, servindo apenas para conferir aos mesmos certo teor de veracidade ou de “realidade”.
O fato dos textos da revista conterem o nome de seus autores, diferentemente das imagens, evidencia uma hierarquia entre conteúdos (já sabida ser de difícil equilíbrio, mas que não por isso deve ser esquecida ou ampliada ainda mais). Elimina-se um percentual importante da equação comunicativa dos processos criativos, exaurindo parte do exercício de pensamento/criação que tem, portanto, um poder de interferência na realidade e de participação na orientação de seu destino, constituindo assim um instrumento essencial de transformação da paisagem subjetiva e objetiva*, foco extremamente importante para diversos projetos coletivos ligados hoje às esferas públicas.
Diante de tão intricado cenário de produção de informação, de imagens e de conhecimento, como se pode articular um questionamento sobre o tema da apropriação sem recair em proposições que possam parecer reacionárias ou sem que possam re-instaurar um discurso sobre o controle das imagens, e mesmo assim manter o potencial crítico que carregam essas questões? Um possível caminho parece ser o da contraposição entre as esferas e objetivos individuais e corporativos, em suas escalas e intencionalidades... e certamente encontraremos as dicotomias entre indivíduo e a superioridade exponencial da indústria do “capitalismo cognitivo” ou “cultural”.
Esse texto, que teve seu impulso inicial em um discurso de reclamação de direitos, foi desenvolvido visando refletir sobre a repetição de modelos de poder e apropriação de trabalho imaterial que estão enraizados em nossa sociedade e em nosso meio cultural. O fato das imagens não estarem registradas sob uma licença “livre”, não isenta qualquer interessado em utilizar o material de forma ética: reconhecendo, contatando, creditando e, consequentemente, respeitando os produtores. Dessa forma pode-se estabelecer uma maior equanimidade na produção de conhecimento, tornada de fato colaborativa e coletiva. Devemos ainda considerar as implicações e causalidades econômicas deste processo, onde as relações de trabalho podem beneficiar apenas parte dos produtores envolvidos (ou seja, aqueles que detêm a totalidade dos meios de pesquisa, difusão e circulação).
Mesmo que a escala de tal fato aqui apresentado seja pequena (algumas imagens em uma revista), não podemos recair de forma alguma no discurso vazio sobre a “liberdade total” ou “assim funciona o sistema”, pois esse mesmo discurso “democrático e libertário” encontra-se também no centro da lógica do livre-mercado, da globalização, de certas ações imperialistas e aponta apenas para a contínua dominação de meios por aqueles que os detém. Ainda que em uma escala pequena, o combate a essas práticas enraizadas nos procedimentos mais cotidianos, a busca por algum descondicionamento deve ser também foco de nossas ações. Não podemos repetir o processo e o discurso oriundo da mesma esfera que criticamos. É necessário pensar em outros procedimentos e nas implicações e responsabilidades éticas de seus respectivos processos, frente a crescente mercantilização da vida urbana e das relações sociais, por exemplo.
O desenvolvimento das mudanças que queremos e sobre as quais pesquisamos, trabalhamos, escrevemos e imaginamos passa pelo processo de explicitar e refletir sobre as situações atuais da produção do cotidiano, das hierarquias que regem os sistemas e infra-estruturas sociais, inclusive na produção de conhecimento, a começar pelo nosso próprio meio. Pois acreditamos que seja exatamente esse o sentido que devemos dar às coisas, às pesquisas e às imagens: colocá-las a público, publicá-las de forma íntegra, permitindo acesso aos processos e às fontes.
Torná-las um “bem” imaterial de fato e passível de ser entendido, assimilado e, por que não, apropriado de forma ética, como parte constituinte de avanços tanto em esferas humanas coletivas quanto individuais. Se acreditamos que tais temas são de extrema importância hoje, é porque nós artistas, pensadores e produtores de significados somos chamados a todo momento para validar práticas tão diversas quanto interligadas a interesses que nem sempre estão à mostra. Apropriar-se hoje é pratica corrente, mas como, quando, onde e por (ou para) quem é o que devemos sempre nos perguntar.
* frases destacadas em itálico são pequenos extratos retirados do texto geopolítica da cafetinagem, de Suely Rolnik, de acesso gratuito: http://www.rizoma.net/interna.php?id=292&secao=artefato.
_ Coletivo Elefante: Coletivo de pesquisa e ação que busca ativar espaços, a partir de situações e contextos específicos, e instaurar processos de reflexão e comunicação crítica em esferas e espaços públicos.
_ Agradecemos aos colaboradores: André Mesquita, Daniel Manzione, Euler Sandeville, Erick Beltran, Gavin Adams,Gisele Freyberger e Henrique Parra.
1 - Geopolítica da Cafetinagem, de autoria de Suely Rolnik. Brumaria no. 7 – arte, máquinas e trabalho imaterial. (retorna ao texto)
2 - Fato que pode ser observado na série de e-mails trocados entre o coletivo Elefante, os editores e autores, durante o ano de 2007. (retorna ao texto)
3 - Entre eles constam também os trabalhos Impensável do Coletivo Elefante e Travessia-Vegetação de Flávia Vivacqua, entre outros. (retorna ao texto)
4 - A revista espanhola Brumaria 7 é vendida a $25 euros e no site, a publicação dos textos sem imagens ficam disponíveis por um período de tempo determinado pelo corpo editorial. (retorna ao texto)
para dowload de pdfs de texto com imagens e cartaz: http://elefantecoletivo.wordepress.com
Para contato com o Elefante Coletivo: elefantecoletivo@gmail.com "
ARTE NA CARA
SEU CANAL DIRETO COM A ARTE
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 15 de julho de 2009
A tarefa de produzir o novo figurino do PORCAS BORBOLETAS foi de Lucas Laender e Ana Paula Rios.
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Confira a matéria na íntegra com making of da produção do figurino:
GOMA: http://www.gomamg.blogspot.com/
Flickr: http://www.flickr.com/photos/gomacultura
terça-feira, 23 de junho de 2009
domingo, 14 de junho de 2009
segunda-feira, 20 de abril de 2009
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Luis Eduardo Borda
Abertura – 14/04/2009 – 20h às 22h
Sala Alternativa
Oficina Cultural de Uberlândia
Praça Clarimundo Carneiro, 204 – Fundinho
Visitação – 15/04 a 30/05
2ª a 6ª feira – 12h às 18h
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Adriano Canas
terça-feira, 7 de abril de 2009
A Mar del Castro, desenhada por André e Rafhaela Castro, desfilou uma moda praia inspirada no Dia de Graça, data comemorada na ilha que dá nome à marca. A trilha empolgante de colagens musicais regionais (ponto para Dj Dolores!) foi pano de fundo para sungas, biquínis, maiôs, vestidos, kaftans e shortinhos na criativa cartela branco-orixá, prto-milagroso, azul-manto, roxo-fé, vermelho-sete sais, verde-fartura e bege-sagrado. Destaque para a junção do verde, marinho, marrom e amarelo no shortinho dele, nos ponchinhos no mesmo material dos biquínis e para a bata com machados alaranjados e esverdeados usada com biquíni cor de pele. "
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segunda-feira, 6 de abril de 2009
Sempre sofri a 'Síndrome do Dedo Podre' - Em uma multidão, se apontasse para algum homem com interesse, era justamente esse que não prestava.
Hoje no ônibus, olhando atenciosamente para minha mão, percebi que meu dedo indicador sofre um leve desvio para a esquerda!
Conclusão Fabulosa:
Não tenho 'Dedo Podre'. Tenho 'Dedo Estrábico'
Estou Curada!
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É como acordar tarde, esticar primorosamente o lençol sobre a cama para cair sobre a mesma após o almoço.
quarta-feira, 1 de abril de 2009
Espero que gostem!
O 'Páginas Vazias' é distribuído gratuitamente e trimestralmente em cidades do Triângulo Mineiro e em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Fortaleza e Natal.
Marco....Pudim... Equipe 'Páginas', to feliz demais em fazer parte da turma!
Segue a baixo matéria sobre o 'Páginas' publicada no Jornal Correio de Uberlândia em 27 de fevereiro desse ano.
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Do inglês, magazine quer dizer revista e fanatic, fã, fanático. A aglutinação destes dois termos resultou numa mania: o fanzine. Com aspecto de ficção científica e histórias em quadrinhos, a espécie de revista de bolso teve origem nos Estados Unidos por volta de 1929, mas o ponto alto se deu na França, durante os movimentos de contracultura, em 1968, quando as pessoas utilizavam o fanzine como ferramenta ampla de comunicação de baixo custo.
No Brasil, começou também na década de 60. Hoje, na era da internet, versões em xerox e feitas artesanalmente ainda circulam.O publicitário Marco Paulo Guimarães Henriques é o editor-chefe do “Páginas Vazias”, que existe desde 2002 e, recentemente, lançou sua versão eletrônica. Distribuída gratuita e trimestralmente em cidades do Triângulo Mineiro e em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Fortaleza e Natal, “Páginas Vazias” é pensada por publicitários, historiador e arquiteto.
“O vimos como meio de comunicação independente, livre para abordar diversos assuntos. Nós pensamos em algo mais criativo, com melhor acabamento e, ao longo dos anos, o zine foi evoluindo e atingindo um público cada vez maior por não sermos partidários. No início era mais voltado para a música, mas abrimos o leque e hoje falamos de diversos assuntos”, disse Marco Paulo.
Ele conta que o nome foi sugestão de um amigo, defendida por ele, já que os pais não eram a favor das atividades que o filho desenvolvia. “Eu tenho banda, mexo com zine etc. Para eles, isso eram páginas vazias mesmo, perda de tempo. Achei legal e ficou como uma crítica: será que são paginas vazias?”
As edições possuem anúncios, patrocínios e participação de vários colaboradores e o fanzine possui diversos canais de comunicação com os leitores, como myspace, orkut e fotolog.
Segundo o editor chefe, o retorno financeiro não existe. “Fazemos por prazer, é um hobby. Todos da equipe têm seus trabalhos, mas o Páginas Vazias nos proporciona muitos contatos, conhecer pessoas. Já enfrentamos problemas por falta de dinheiro na hora de imprimir e outros detalhes, mas está tomando uma proporção que não imaginávamos. Tenho pretensão de, no futuro, transformá-lo numa revista.”
terça-feira, 24 de março de 2009
“(…) - Estou a pensar no aleijado. Que presunção! A quem lhe der ouvidos até há-de parecer que as mulheres andam mesmo atrás dele.
- Não te esqueças, senhor oficial, de que aquele mendigo, por causa das mutilações, representa uma mina de ouro. As mulheres que o cortejam são interesseiras.
- Seja como for! Uma criatura tão hedionda!
- Não há nada que seja hediondo. Este homem-tronco faz amor tão bem como qualquer outro. E até melhor, se bem entendo e a julgar pelo que me foi dado ouvir. Digo-te eu que os gritinhos de volúpia da mulher não eram fingimento. E confesso ser tal coisa bastante animadora.
- A que chamas tu animadora?
- Olha - disse Gohar -, reconforta saber que até um aleijado como aquele pode dar prazer.
- Semelhante monstro?!
- Este monstro tem sobre nós uma vantagem, senhor oficial. Sabe o que é a paz. Não tem nada a perder. Pensa-me só nisto: não há nada que alguém lhe possa tirar.
- Pois tu julgas então que é preciso chegar a esse ponto para uma pessoa ter paz?
- Não sei - respondeu Gohar. - Talvez seja necessário um homem tornar-se homem-tronco para atingir a paz, para a conhecer. Imagina só a impotência do Governo perante um homem-tronco. Que poderá o Governo contra ele?
- Pode enforcá-lo - disse Nur El Dine.
- Enforcar um homem-tronco! Não, de maneira nenhuma. Não há governo nenhum com humor para isso. Seria belo demais. (…)”
Albert Cossery, Mendigos e Altivos
domingo, 22 de março de 2009
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
Fica em cartaz até o dia 10/10 na Oficina Cultural a exposição e mostra de filmes Arte Fashion. A abertura que aconteceu no último dia 05 foi de deixar qualquer um de queixo caido tanto pela qualidade dos trabalhos apresentados, quanto pela ambientação do espaço realizada por João Virmontes que também assina a curadoria e expografia da mostra que fala da relação entre arte e moda visto pelo olhar do figurino em grandes pérolas do cinema que tiveram seus figurinos assinados por grandes estilistas.
Pedro Henrique Ferreira /Chanel
Cláudia França/Dior
Defferson Melo/Yamamoto
Carla Beah e Fernando Vieira/Jean Paul Gaultier
Lucas Laender/Yves Saint Laurent.
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terça-feira, 2 de setembro de 2008
Mostra de filmes e Exposição
Ao reunir filmes pela importância de seus figurinos, desenhados por importantes estilistas (e não por figurinistas), a Mostra opta por um viés pouco convencional, em que a roupa é a grande atração, apresentando um olhar incomum sobre a linguagem cinematográfica.
Para os Setores de Audiovisual e Artes Visuais da Secretaria de Cultura, esta é mais uma oportunidade de proporcionar ao público uma reflexão sobre o dinâmico universo da arte, partindo, neste momento, das influências estéticas desencadeadas por alguns dos maiores nomes do universo da moda.
Programação de Filmes
Bonequinha de Luxo ( Breakfast at Tiffany´s, EUA, 1961)
Direção de Blake Edwards
Com Audrey Hepburn (Holly Golightly/Lulamae Barnes), George Peppard (Paul Varjak/Fred), Patricia Neal (2E), Buddy Ebsen ( Doc Golightly), Martin Balsam (O,J.Berman), José Luis de Vilallonga (José da Silva Pereira), Mickey Rooney (Sr. Yunioshi). Cor. 115 min.
Figurino: Hubert de Givanchy (Audrey Hepburn), Pauline Trigere (Patricia Neal) e Edith Head.
Dia 07 – domingo
A Regra do Jogo ( La régle du jeu, França, 1939 )
Direção de Jean Renoir
Com Nora Gregor (Christine de la Cheyniest), Paulette Dubost (Lisette, a camareira), Anne Mayen (Jackie, sobrinha de Christine), Lise Elina (repórter de rádio), Marcel Dalio (Robert de la Cheyniest), Julien Carette (Marceau, o caçador), Jean Renoir (Octave) e Heni Cartier-Bresson (Cozinheiro). P/b. 110 min.
Figurinos: Coco Chanel
Dia 13 – sábado
Pavor nos Bastidores ( Stage fright, Inglaterra, 1950 )
Direção de Alfred Hitchcock
Com Marlene Dietrich (Charlotte Inwood), Jane Wyman (Eve Gill), Michael Wilding (inspetor Wilfred “Ordinary” Smith), Richard Todd (Jonathan Cooper), Alastair Sim (Comodoro Gill), Sybil
Thorndike (senhora Gill), Kay Walsh (Nellie Goode) e Alfred Hitchcock (homem que se volta para Eve enquanto ela fala sozinha na rua). P/b. 110 min
Figurino: Christian Dior (para Marlene Dietrich) e Milo Anderson.
Dia 14 – domingo
Dolls ( Dolls, Japão, 2002)
Com Miho Kanno (Sawako), Hidetoshi Nishijima (Matsumoto), Tatsuya Mihashi (Hiro), Chieko Matsubara (mulher no parque), Kyôko Fukada (Haruna) e Tsutomu Takeshige (Nukui).
Cor. 113 min.
Figurino: Yohji Yamamoto
Dia 20 – sábado
O Quinto Elemento ( The fifth element, EUA, França, 126 min.)
Direção de Luc Besson
Com Bruce Willis (Korben Dallas), Gary Oldman (Jean-Baptiste Emanuel Zorg), Milla Jovovich (Leeloo), Ian Holm (Padre Vito Cornelius), Chris Tucker (Ruby Rhod), Luke Perry (Billy), Tricky (Braço Direito), Mathieu Kassovitz (Mugger) e Christopher Fairbank ( Mactilburgh). Cor. 126 min.
Figurino: Jean Paul Gaultier
Dia 21 – domingo
A Sereia do Mississipi ( La sirène du Mississipi, França, Itália, 1969)
Com Jean-Paul Belmondo (Louis Mahé), Catherine Deneuve (Julie Roussel/Marion Vergano), Nelly Borgeaud (senhoria), Marcel Berbert (doutor Jardine), Yves Drouhet (detetive), Michel Bouquet (Camolli) e Roland Thénot (Richard). Cor. 123 min.
Figurino: Yves Saint Laurent
Mostra de Filmes
Horário: 20 horas
Local: Oficina Cultural de Uberlândia - Sala Roberto Resende
Pça. Clarimundo Carneiro, 204 - Fundinho
Entrada Franca
Cineclube Cultura é um projeto de caráter cultural, sem fins lucrativos
Exposição
Abertura: 05 de setembro – sexta-feira
Horário: 20 horas
Visitação: 06 de setembro a 10 de outubro, das 12h às 17h30
Local: Galeria de Arte Lourdes Saraiva - Oficina Cultural de Uberlândia
Pça. Clarimundo Carneiro, 204 - Fundinho
Entrada Franca
terça-feira, 17 de junho de 2008
15h - Osklen
17h - Patricia Viera
18h - 2nd Floor
19h - Forum Tufi Duek
20h15 - Fábia Bercsek
21h30 - Do Estilista
18 de junho, quarta-feira:
14h30 - Uma por Raquel Davidowicz
15h30 - Movimento
16h30 - Ellus
18h - V.Rom
19h - Fause Haten
20h - Triton
21h15 - Cia Maritima
19 de junho, quinta-feira:
11h30 - Iódice
14h30 - Maria Bonita
16h - Cori
17h30 - Huis Clos
19h - Alexandre Herchcovitch (masc)
20h15 - Blue Man
21h30 - Animale
20 de junho, sexta-feira:
12h - Reinaldo Lourenço
15h - Cavalera
16h - Alexandre Herchcovitch (fem)
17h - Anabela Baldaque
18h - OESTUDIO
19h15 - Água de Coco
21h - Neon
21 de junho, sábado:
11h - Isabela Capeto
15h - Jefferson Kulig
16h - Miguel Vieira
17h - Amapô
18h - Ronaldo Fraga
19h - Wilson Ranieri
20h15 - Rosa Chá (masc)
21h30 - André Lima
22 de junho, domingo:
9h - Pedro Lourenço
10h30 - Gloria Coelho
15h - Maria Garcia
16h - Mario Queiroz
17h - Paola Robba para Poko Pano
18h - Simone Nunes
19h - Samuel Cirnansck
21h - Colcci
23 de junho, segunda-feira:
11h - Erika Ikezili
14h - Zoomp
15h - Priscila Darolt
16h15 - Carlota Joakina
18h - Vide Bula
19h - Reserva
20h30 - Lino Villaventura
No próximo dia 21 de junho, às 9 horas, o estilista japonês Kenzo Takada, um dos mais importantes nomes da moda contemporânea, e que tem sua grife reconhecida mundialmente, ministra palestra no auditório 1 do Centro de Convenções do Centro Universitário Senac – Campus Santo Amaro. O tema da apresentação é “Criatividade, Marca e Mito”.
O evento é direcionado a alunos e ex-alunos do Senac e de outras instituições de ensino, bem como ao público que trabalha com moda. Na ocasião, os presentes poderão partilhar, gratuitamente, das experiências profissionais de Kenzo, oportunidade única para buscar inspiração e boas práticas.
Aos 68 anos, dos quais mais de quatro décadas dedicadas à moda, o estilista é uma referência mundial. Atingiu fama nos anos 80 ao misturar padrões e estilos, e ao alinhar, harmoniosamente, idéias orientais e ocidentais. Aposentou-se em 1999, mas sua grife continua a todo vapor. Atualmente, a marca Kenzo é comandada pela holding francesa LVMH, detentora de nomes como Fendi, Gucci, Givenchy, Christian Dior e Donna Karan.
A palestra faz parte da programação da instituição durante a 25ª edição do São Paulo Fashion Week, que ocorre entre os dias 17 e 23 de junho.
Inscrições encerradas para palestra no auditório principal.
Para assistir em transmissão simultânea, auditório 3 e 4, clique abaixo e se inscreva:
http://www.sp.senac.br/jsp/hotsite_frame.jsp?url=http://www1.sp.senac.br/hotsites/casaaberta/form_inscricao.asp?unit=CAS
Evento: "Criatividade, Marca e Mito”, com Kenzo Takada
Quando: 21 de junho, das 9 às 11 horas
Onde: auditório 1, 3 e 4 do Centro de Convenções do Centro Universitário Senac – Campus Santo Amaro
Quanto: gratuito
O Maestro Márcio Miranda Pontes convida a todos para o lançamento do livro "Olhares sobre Minas: sugestões de leitura", no qual participa com o capítulo Música em Minas Gerais.
O evento acontecerá dia 24 de junho de 2008, de 19:30 às 22:30 horas, na Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, Praça da Liberdade, 21, Belo Horizonte.
sexta-feira, 6 de junho de 2008
Indicação de Filmes Através da Poesia
Humpfffff
terça-feira, 3 de junho de 2008
RAIO X: Confira o ensaio INSANIDADES produzido por Bárbara Lisiak e Marcel Ayres, alunos do módulo de fotografia da disciplina Oficina de Comunicação Audiovisual da Faculdade de Comunicação da UFBA. As fotografias são produzidas em equipamento analógico, ampliadas em papel fotográfico e digitalizadas em scanner plano.
"Mergulhe de cabeça em um universo de possibilidades. Um lugar repleto de verdades relativas e loucuras um tanto quanto normais. Reveja os seus conceitos de realidade e observe a insanidade que há dentro de nós. Quebre regras, sistemas, normas, significados. Solte as amarras que amordaçam a sua boca. Grite, deixe-se cair no poço sombrio do inconsciente. Faça, sinta, viva e morra. Seja inconstante, fluido, reinvente-se para o seu mundo. Condene a rotina. Venere o desapego. Abstraia a concretude. Deixe-se levar pelos instintos reprimidos. Alcance o equilíbrio cortejando a insensatez. Descubra que é possível sentir prazer na dor. Saiba qual é o gosto de uma santidade. Coma pílulas no café da manhã. Ao ver este ensaio... Desarme-se! Olhe para cada foto e não as enxergue, seja o que ela diz. Nessa profusão de imagens a pergunta que fazemos é: O que é insanidade para você?"
Abertura: 03/06/2008 às 20h
Local: Casa da Cultura - Praça Coronel Carneiro, 89, Bairro Fundinho, Uberlândia
Visitação: 04/06 a 04/07/2008 de Segunda a Sexta das 12 às 18h
Abertura: 06/06/2008 às 20h - Participação Especial do Coral da UFU
Local: Oficina Cultural - Praça Clarimundo Carneiro, 204, Bairro Fundinho, Uberlândia
Visitação: 07/06 a 11/07/2008 de Segunda a Sexta das 12 às 18h
Artista: France Figueira
Abertura: 10/06/2008 às 20h
Local: Sala Alternativa da Oficina Cultural - Praça Clarimundo Carneiro, 204, Bairro Fundinho, Uberlândia
Visitação: 11/06 a 18/07/2008 de Segunda a Sexta das 11h30 às 17h30
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Conheça o GIA, Grupo de Interferencia Ambiental baiano que a seis anos vem desenvolvendo iniciativas que têm como objetivo incentivar a produção de arte contemporânea que utiliza o entorno urbano ou público com o espaço de ação.
O GIA surgiu na Escola de Belas Artes da UFBA da união de seis amigos. Entre as suas ações mais marcantes estão a ação "Fila" em que o grupo inicia a formação de uma fila sem qualquer finalidade em frente ao Elevador Lacerda, principal cartão postal de Salvador. Em poucos minutos esta ganha proporções absurdas. Pessoas que passam se juntam a fila sem se quer saber a finalidade da mesma. A interferencia teve o objetivo de debater sobre a mania do brasileiro de fazer fila por tudo.
Em outra ação, uma cama é colada no centro de São Paulo e ocupada por um dos integrantes do grupo que passa a dormir na mesma tranquilamente. Aos poucos a cama passa o ocupar as atenções de quem passa e a mexer com a dinâmica do espaço.
Em seu último trabalho entitulado Q.G do Gia - Espaço de Encontro, Pensamento e Ação, que ocupou durante o mês de maio a Capela do Museu de Arte Moderna da Bahia, o grupo criou um "espaço híbrido de funções heterogêneas, no qual propõe uma experiência de imersão total. O espaço foi construído através de ações e intervenções artísticas, trabalhos e encontros com outras pessoas. O GIA, junto com o público, transformou e definiu este espaço a partir das funções que lhes foram atribuídas oportunamente, como o próprio ato de habitá-lo."
sábado, 24 de maio de 2008
Em uma de suas pesquisas o artista utiliza a carne de charque como matéria prima para a construção de roupas com o objetico de discutir a respeito dos contraste e dicotomias sociais em que estamos envolvidos diariamente: necessidade x supérfluo, glamour x miséria, ao tempo que convoca o espectador a refletir sobre os limites do vestível, as possibilidades da moda e a sua relação com o contexto social no qual ela se insere.
Denominada A Transmutação da Carne, a coleção toda feita com carne de charque foi apresentada na principal Semana de Moda da Bahia (Barra Fashion) no ano de 2000 e foi uma bofetada na cara de vegetarianos, caretas e afins. Na passarela, a beleza da textura e das nuances de marrom do charque (uma carne reciclada, segundo Heráclito), mais o odor característico de uma das principais matérias-primas da suculenta feijoada. Bermuda cargo, medalhão com A de anarquia, vestido tubo, bolsinha, peruca chanel, imensa trança arrastando no chão, short, biquíni, sunga, camiseta regata, top, minissaia, crinolina e peças de inspiração sado-masoquista. Tudo feito em carne, costurada com barbante. Fazendo parte de um amplo projeto de intervenção, teoricamente embasado no conceito de escultura social do Joseph Beuys, outras ações se incorporam ao “projeto carne”.
A performance “A Transmutação da Carne”, apresentada no Instituto Cultural Brasil Alemanha (2000), por exemplo, quer discutir a violência contra o corpo. Utilizando-se de registros de torturas sofridas por escravos no Brasil, relatos de suplícios analisados por Michel Foucault quando estudou a História dos sistemas punitivos no Ocidente, o público, mais uma vez, é convocado a olhar a sua própria ferida. Uma ferida que pode ser estetizada, transmutada, mas nunca esquecida. E a dor do corpo escravo, marcado a ferro e brasa pelos seus senhores, encontra ressonância na miséria nordestina: fome e tortura são apresentadas, na ação, num churrasco humano, como a nos dizer do lugar do homem dentro da gramática de desigualdade que constitui a sociedade brasileira.
Os cerca de 800 quilos de carne que foram utilizados nas intervenções - que também incluíram um desfile público dos modelos pela zona central da cidade de Salvador (Praça da Piedade e Avenida Sete) - foram devolvidos ao seu significado original, de comida através de doações, sendo esta ação um momento crucial da obra. Com isso o artista dá visibilidade à fome no Nordeste como um problema social, a carne é distribuída entre comunidades carentes e associações filantrópicas, com um sentido de denúncia. Os recibos e as cartas de agradecimento das referidas instituições, enviados ao artista, são transformados em obra de arte: os documentos-obra. A obra de arte, agora, nesse gesto, está pronta. Volta a cumprir o seu desejo original de humanizar o mundo.